Procurando investidores? Não negligencie as Corporações com seus Corporate Venture Capitals

 

Procurando investidores? 
Não negligencie as Corporações com seus Corporate Venture Capitals

Muitas startups em fase inicial cometem um erro crítico: elas frequentemente desconsideram grandes corporações em sua busca pelo primeiro aporte de capital. É comum que fundos de Corporate Venture Capital (CVC) façam investimentos em startups que trazem inovações alinhadas ao seu segmento de mercado ou até mesmo disruptivas.

Os aportes provenientes de fundos corporativos, como os CVCs, podem trazer benefícios significativos para as emergentes empresas de tecnologia, pois oferecem não apenas capital, mas também acesso a novos mercados, canais de distribuição, conhecimento e tendências que o capital de risco tradicional não consegue prover. Contudo, esses grupos são bastante diversificados e, como qualquer fonte de investimento, apresentam possíveis armadilhas para os desavisados.

O investimento corporativo em startups visa potencializar a pesquisa e desenvolvimento (P&D) internos, já que o ritmo acelerado da inovação muitas vezes supera a capacidade das grandes empresas de se manterem atualizadas, diferentemente das startups, que são naturalmente ágeis. Os CVCs estão se tornando uma parcela cada vez maior do ecossistema de capital de risco, com 264 novos CVCs investindo pela primeira vez em 2018, segundo a CB Insights. O número total de CVCs quase quadruplicou nos últimos cinco anos, evidenciando o interesse crescente desses investidores em descobrir e apoiar inovações que possam transformar seus negócios centrais.

Além disso, o investimento corporativo opera em ciclos. As corporações podem variar sua abordagem de investimento, começando com aportes seletivos diretamente de seu balanço ou atuando como sócios limitados em outros fundos, tudo isso estrategicamente pensado e organizado por uma gestora parceira, como a Valetec. Com resultados positivos, isso pode levar a corporação a solicitar à Valetec um estudo e uma estratégia personalizada, por meio de uma tese de investimento, para criar um fundo autônomo e mais duradouro, avançando para uma fase subsequente de sua iniciativa estratégica de CVC.

Os horizontes de investimento dos CVCs também variam bastante, dependendo da estratégia definida pela tese. Alguns podem enfatizar o planejamento de saída em seus investimentos, semelhante aos VCs motivados financeiramente. Outros podem se focar mais no desenvolvimento de inovações e tecnologias, sem a preocupação imediata com o retorno de capital a longo prazo.

Apesar das diferenças entre os vários investidores de risco corporativo, a maioria tem uma visão semelhante sobre onde aplicar seus recursos. Assim como os VCs tradicionais, os investidores corporativos priorizam o investimento em pessoas, não apenas em tecnologia ou inovação por si só.

Portanto, independentemente da fonte de capital procurada, as startups com as melhores equipes de gestão têm mais chances de sucesso na captação de recursos do que aquelas que carecem dessa qualidade. Os CVCs frequentemente lamentam as oportunidades perdidas onde inovações ou tecnologias únicas são lideradas por equipes sem um plano de negócios sólido ou estratégia definida.

Na avaliação de oportunidades de investimento, os CVCs geralmente têm uma vantagem considerável sobre os investidores puramente financeiros. O investimento de risco é intrinsecamente sobre inovações e processos disruptivos, não incrementais. Isso é crucial, pois inovações incrementais maduras podem ser alvos atraentes para aquisição, mas podem não atender às expectativas das equipes de investimento de fundos de risco.

Finalmente, as empresas que buscam investimento devem compreender e estar preparadas para explicar todos os aspectos associados ao investimento, incluindo proteção de propriedade intelectual (PI), se aplicável, concorrência e escalabilidade da tecnologia. Em resumo, as empresas inovadoras em estágio inicial que desejam levantar capital devem considerar se os CVCs corporativos são uma fonte adequada de capital. Nas circunstâncias corretas, esses investidores de “smart money” podem trazer benefícios significativos para as startups, muito além do valor financeiro do investimento.

 

Por: Fernando Asdourian